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terça-feira, setembro 05, 2006

Everyday



Então um cara decidiu tirar uma foto de si mesmo todo dia por 6 anos e fez uma montagem juntando todas elas em alta velocidade, e com uma trilha Yann Tiersen-esca no fundo. Soa como uma idéia intrigante que corria risco de cair num buraco de narcisismo dispensável, mas o resultado ficou ótimo.

De certa forma, o filme funciona como um daqueles trabalhos do Stan Brakhage em que ele pinta cada quadro de uma película com formatos diferentes e coloridos, e mostra eles em 24fps. Do mesmo jeito que aqueles filmes forçavam você a tentar encontrar padrões no meio do caos abstrato (ou se perder nele), o plano de fundo das fotos de Everyday se transformam de um jeito hipnótico, às vezes sutilmente - o angulo da camera num quarto variando, uma cueca pendurada na cadeira desaparecendo, ou então a luz do dia virando luz artificial - às vezes violentamente - um quarto se transformando num shopping ou num carro, ou mudando pra um filtro verde ou vermelho.

Mas o efeito do fundo mutante só é impressionante porque o rosto do Noah permanece enquadrado sempre na mesma posição, e geralmente com a mesma expressão apática; é como se ele tivesse recortado a sua face e colado por cima de milhares de fotos. É divertido ver o cabelo dele crescendo aos poucos e diminuindo abruptamente, ou em certos trechos dançando de um lado pro outro como se estivesse acompanhando o ritmo do piano. Se você for atento, vai ver que em uma das fotos dá pra ver uma mulher no fundo, e em alguns quadros ele está sem camisa, ou com uma gravata borboleta, etc. Eu acho que algumas vezes ele até arrisca um sorriso, mas eu não tenho certeza.

Há algum ponto no filme? O Sr. Noah queria expressar alguma coisa pros YouTubeiros além de “eu adoro o meu rosto (e vou continuar adorando por 2356 dias)”? Será talvez uma metáfora sobre a incapacidade do Homem mudar sua essência, independente do seu Ambiente ou da força do Tempo? Ou será que ele apenas queria mostrar que, se alguém é feio em 2000, ele vai continuar feio em 2006? Não sei. Pelo piano dramático, a impressão é que ele está seguindo a rota mais séria, embora a música dê um tom de “Importância” desnecessário. Uma música pop clássica e levemente melancólica teria sido melhor; imagine o quanto o filme ia ficar perfeito com “A Day In The Life” dos Beatles no fundo, ou algo do tipo.


PS: É uma pena que o Michael Jackson não teve essa idéia antes. Teria sido o filme mais aterrorizante de todos os tempos.

5 Comments:

Blogger fabianoristow said...

Esse vídeo dá uma sensação bem desagradável de que a vida passa rápido demais. Ao mesmo tempo, é mais desagradável ainda como ele parece minimizar a relevância de um dia apenas.

Eu fico penasndo, "já estou há três dias com esse problema, e tal, que merda", e se eu fizesse um vídeo assim esse tempo seria apenas meio milésimo de segundo.

Como isso é desagradável (não ruim), uma trilha melancólica talvez seja apropriada, mas esse ar tiersenesco é meio pretencioso na maioria das vezes que é usado. Anyway, foda.

2:58 PM  
Blogger Luis Calil said...

Ristow, vc comeria ele?

9:09 PM  
Blogger fabianoristow said...

Por enquanto, não. Daqui a mais cinco anos, talvez.

7:40 PM  
Anonymous Anônimo said...

O impressionante é que ele não muda em seis anos (além do cabelo e roupas), mas a cara Noah fica a mesma. Ele não engorda ou emagrece, as olheiras dele não aumentam, a boca dele não se move, nada parece mudar apesar de tanto tempo. E pensar que esses momentos durantes seis anos deram pouco mais de cinco minutos.

11:43 AM  
Blogger Alexandre said...

Eu tive a mesma sensação do Ristow, a de que a vida passa rápido demais. Sim, como o Pips disse, as feições dele mudam pouco, mas essa sensação do tempo passando pra mim deu uma espécie de peso no cara, quanto mais passava o vídeo, mesmo ele estando igual, eu sentia um certo peso da vida que passou tão rápido. Talvez seja apenas uma impressão minha, já que foram 6 anos de instantes de apatia.

11:07 AM  

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