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terça-feira, janeiro 09, 2007

Whoop that trick! (Get it)

Ritmo de um Sonho (Craig Brewer, 2005)
(70)
(DVD)

*O filme segue a mesma fórmula inspirativa de Rocky, onde um cara na periferia da sociedade e da vida se esforça pelo o seu sonho e o alcança. E eu realmente digo fórmula; o roteiro passa por todos os checkpoints necessários: três atos; personagens apropriadamente desenvolvidos (até os laterais); ritmo fixo e constante; cena onde ele fala sobre seguir seu sonho; cena onde ele se preparar para concluir seu sonho; cena onde ele tem que lidar com seu sonho atrapalhando a sua vida de alguma forma; etc, etc. É bastante esquemático. Mas o que torna Ritmo fantástico é a pura convicção com que ele encara esses clichês, e os torna vivos e energéticos. E não atrapalha nada que essa versão da história envolve um cafetão que se cansa do seu emprego e começa a lutar para virar uma estrela de hip-hop; por mais risível que seja, a premissa traz um frescor de inovação vindo do antigo gênero de blaxploitation, dos anos 70. Ao invés de trabalhar numa fábrica de panelas - ou seja lá o que for que o Eminem fazia em 8 Mile - o nosso protagonista alcovita as suas prostitutas durante dias quentes, enquanto suor escorre pelo seu corpo todo, e derrama no assento do seu velho Chevy.

*Aliás, esse é um dos aspectos mais interessantes do filme: ele claramente pretende agradar a platéia de qualquer forma possível (é feel-good), mas há cenas intensas na sua história, onde DJay (o protag.) tem que agir como um cafetão, controlar "suas mulheres", colocar elas "no lugar", se é que você me entende. Isso obviamente é repulsivo, e algumas pessoas chamaram de hipocrisia querer fazer um melodrama inspirativo sobre um personagem imoral; no entanto, acredito que tais cenas sirvam para semi-subverter o gênero. Nós não podemos colocar nossa confiança inteiramente em DJay, pois nós vemos o que ele pode fazer. Ele não é como a gente (e por "a gente", eu digo a grande parte da população que não se aventurou ainda no ofício de Cafetação). E quando é pedido para torcer por sua vitória, temos que lidar com sentimentos conflitantes, o que eu acredito que foi intencional da parte do senhor Brewer (que também escreveu o filme).

*Terrence Howard, o rapaz que interpreta o protagonista DJay, é incrível. Usando aquele termo preferido de críticos, ele é uma "força da natureza". Controlado e intenso, habitando seu personagem sem restrições, com suas gírias da periferia e o sotaque do sul se misturando deliciosamente, ele lembra um Benicio del Toro mais jovem. E uma bela voz de hip-hop ainda por cima (embora eu suspeite que tenha sido manipulada, double-tracked, etc). O resto dos atores também é perfeitamente escolhido. Taryn Manning, em particular, que interpreta uma das garotas de DJay chamada Nola, é memorável: seu rosto, o cabelo loiro trançado, sua reticência, etc. Ela é como a Rollergirl de Boogie Nights, só que bem menos extrovertida. E ela tem uma das melhores tarefas no filme: a ritualista e quase icônica ação de desligar o ventilador quando vão começar a gravar.

*O que me lembra: as cenas de gravação são eletrizantes (como personagens tocando música em filmes costuma ser). Não só a importância e os riscos das aspirações musicais do protagonista já foram bem (e convencionalmente) definidos no primeiro ato - o que dá uma carga extra para as gravações - o filme também se preocupa em mostrar o processo de criação de músicas, particularmente os ganchos. O primeiro acontece quando Shelby - o hilário DJ Squalls, usando todo o seu white-boy-(magrelo)-funk - brinca por alguns segundos no teclado até achar uma melodia apropriadamente ameaçadora, e o Key (Anthony Anderson) - o amigo de DJay que o ajuda nas gravações - sugere mudar a letra "Beat that Bitch" para "Whoop that trick" e transformá-la em um canto/mantra. Ainda há cenas tão espetaculares quanto essa - como a de Shug gravando o gancho de "It's Hard Out Here For a Pimp" e DJay usando suas habilidades de cafetão para lidar com o seu antigo amigo de colegial que virou rapper milionário - mas esse post já tá ficando muito longo e eles não me pagam o suficiente pra isso (i.e. "eles" não me pagam).

*O filme teria conseguido mais pontos se tivesse seguido seus aspectos de blaxploitation com mais força, e fugido um pouco do feel-good. Mas nada é perfeito. E PS: A trilha sonora é muito foda.

Como presentinho, aqui está uma das (excelentes) músicas que o protagonista cria no filme: "It's Hard Out Here For a Pimp".

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

"The file has been deleted. Unfortunately, it did not comply with the terms of service."

='(

10:01 PM  
Anonymous Anônimo said...

Baixei.
Estou com vinte anéis de prata e há duas negras esfregando suas respectivas bundas nas minhas bochechas. Gostei.

10:18 PM  
Blogger Luis Calil said...

E ainda é aprovada pelo Oscar.

11:15 PM  

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