There Will Be Blog

You got some nerve coming here

Nome:
Local: Goiânia, Goiás, Brazil

domingo, junho 24, 2007

Can't get enough



Eu já vi esse clipe três vezes. E eu raramente tenho saco pra clipes. A canção também é excelente (com o Mark E. Smith ainda conseguindo gritar).

sexta-feira, junho 01, 2007

2007 Até Agora...



Eu não quero chegar no final de 2007 e ter que fazer comentários sobre discos que eu nem lembro direito, portanto vou aproveitar a chegada (mais ou menos) na metade do ano e abrir o bico. Quando for hora de revelar a lista final lá pra Dezembro, eu já vou ter me poupado bastante trabalho. Eu realmente sou um gênio, diz aí. Mais hein.

9 - Os Excelentes

01. From Here We Go Sublime, The Field
Eu já escrevi sobre ele aqui, e embora a nota tenha caído um ponto (já que as minhas experiências subseqüentes não tiveram o mesmo impacto embasbacante das primeiras impressões), o disco continua sendo o mais original (até onde eu sei) e o mais transcendental do ano. Depois de compreender o que o Sr. The Field tá aprontando, você nunca mais vai reclamar de um CD arranhado.

02. Boxer, The National
O álbum é tão masculino quanto o nome insinua, e a produção é sutil e sombria; é como se o garanhão autoconfiante e esperançoso de Alligator tivesse pego a estrada rumo à meia-idade e começado a ver o lado severo da vida. “One time you were a blowing young ruffian/Oh my god, that was a million years ago” canta Matt Berninger no refrão de “Racing Like a Pro”, sobre os escaladores da escada corporativa. Em “Green Gloves” ele anseia pela proximidade de amigos com quem ele não se sente mais confortável. Toda essa frustração é acompanhada de batidas nervosas que vão tentando dominar os pianos e guitarras tímidas. Eu não vou ser um audiófilo xenofóbico preso no mundinho indie; eu quero que a banda estoure com esse disco. Quero que eles virem o próximo Coldplay (em popularidade apenas, é claro). Eles merecem.

8 - Os Ótimos

03. Sound of Silver, LCD Soundsystem
A nova travessura do James Murphy está tão próxima de um 9 que a diferença quase perde o sentido. Se “Sound of Silver” e “Us vs Them” fossem um pouco menores em duração, o pulo poderia ser dado. Se o lado-b “Freak Out” – com sua batucada e baixo funky me trazendo memórias de Fela Kuti - tivesse entrado no disco, talvez. Mas o que está lá é geralmente ótimo, e a obra cresce com o tempo - como acontece com todos os grandes álbuns - tanto em diversão quanto em sutileza (cresce na sua cabeça, é claro; nós não inventamos músicas metamórficas [ainda]). “Someone Great”, com a sua linha de baixo monstruosa, ecoando como um motor de alguma indústria distante, e “All My Friends”, com a repetição e propulsão krautrockiana, são duas obras-primas, e colocar uma atrás da outra só pode ser classificado como um abuso sádico do Murphy.

04. Ga Ga Ga Ga Ga, Spoon
Eu imagino que nenhum disco na carreira do Spoon vai acabar virando um óbvio mega-clássico como, e.g. o Marquee Moon foi pro Television. O Britt Daniel, Jim Eno & Cia. parecem estar satisfeitos com juntar 10 ótimas canções pop – geralmente minimalistas e com toques distintos de soul – num álbum e soltar pra galera. Não há nenhuma ambição por grandiosidade. Mas isso não é um problema quando você está ouvindo algo tão perfeitamente construído quanto “Rhthm & Soul”, com suas viradas de bateria pontuando a estrutura, o teclado melodramático aparecendo nos refrões, harmonias bizarras, etc. Até as músicas onde não vi muita graça, como a faixa final “Black Like Me” (aliás, qual é essa de finais decepcionantes esse ano? Juntando esse caso com a “Gospel” de Boxer...), são agradáveis de ouvir, por causa da produção ma-ma-ma-ma-maravilhosa.

05. Cover the Windows and the Walls, Grouper
O dicionário define "drone" – o termo com que a senhorita Liz Harris, a “Grouper”, costuma ser associada – como um “som monótono e contínuo”. Como disse o Morgan Freeman no final de Seven, “eu concordo com a segunda parte”, embora eu compreenda que a descrição inteira seja perfeita para muita gente. Não é um gênero acessível, e como não lembro de tê-lo rejeitado antes, eu não sei se há um período de adaptação aí. Mas pra mim, ouvir esse disco é prazer instantâneo. Eu posso ligá-lo em qualquer humor, há qualquer momento, e vou me sentir automaticamente relaxado. As faixas parecem baladas acústicas folk com uma sensibilidade shoegaze, só que completamente afundadas em reverb. Voltando ao Clichê N° 16, é realmente como ouvir música debaixo d’água, ou vindo de caixas de som potentes em montanhas à alguns quilômetros. E as pessoas que curtem Grouper provavelmente vivem em montanhas, então minha analogia faz sentido.

06. Chromophobia, Gui Boratto
Dos trabalhos de minimal techno – que é “O” subgênero eletrônico do momento, aparentemente – que eu ouvi esse ano, essa obra brasileira (sim, brasileira do Brasil, por incrível que pareça) é sem dúvida a mais sedutora e acessível de todas. A questão é: quem diabos é cromofóbico aqui? Certamente não o Sr. Boratto, que enche o álbum de tantos timbres e texturas diferentes que faz as faixas parecerem uma daquelas embalagens da Faber Castell. Quem mais poderia ser cromofóbico? Eu não. Eu dei 8 pontos. Talvez Boratto estivesse se referindo ao povo que não é fã de música eletrônica, mas dizer que tais pessoas sofrem de cromofobia é insinuar que o resto do espectro musical é monocromático (o que é retardado). Gui, qual é? Enquanto espero a resposta, vou ficar reouvindo aquela melodia da guitarra sinistra que aparece na marca de 3 minutos da faixa-título.

07. Neon Bible, The Arcade Fire
Esse é um daqueles álbuns que eu não tenho a menor vontade de ouvir até eu começar a ouvir, mesmo compreendendo que, se eu começar a ouvir, eu vou me divertir bastante. E eu não sei como explicar isso. Talvez seja a falta de ganchos óbvios que me mantém afastado, ou então a produção crua e, francamente, um pouco abrasiva. Mas embora os meninos do Arcade Fire tenham tido ótimas intenções e evoluído bastante do Funeral pra cá (pelo menos em termos de ambição), eu não posso colocar numa posição mais alta um álbum que eu só escuto uma vez a cada quatro luas cheias. O que eu tenho quase certeza é que “Ocean of Noise” – a “Haiti” desse disco, i.e. uma balada com uma melancolia latina – é a melhor canção do ano: a atmosfera praiana somada os metais mais emocionantes da década surgindo no clímax = orgasmo.

08. Some Loud Thunder, Clap Your Hands Say Yeah
Apresentador: “Senhoras e senhores, lhes apresento o prêmio do Disco Mais Subestimado do Ano. E a banda ganhadora é... [checa o envelope] ...a inusitadamente nomeada Clap Your Hands Say Yeah!”.
[Platéia bate palmas e diz “Yeah!”]
Apresentador: “Como a banda não pôde comparecer, devido ao trauma psicológico gerado pelo ferro que o público lhes penetrou no cu, chamo ao palco o seu defensor número 1, o Sr. Luis Calil.”
[Eu subo no palco, fazendo aquele sinal de “não precisa, não precisa” para os aplausos da platéia]
Eu: “O que aconteceu? Como é possível alguém ouvir a faixa-título que abre o disco e não ser completamente seduzido pela melodia nostálgica somada à produção distorcida (como se tivessem passado a canção toda por um pedal de fuzz)? Como alguém pode ouvir “Satan Said Dance” e não querer ir para o tal inferno descrito por Alec Ounsworth como “sem chicotes, sem correntes, só dança!”? E o pop barroco cheio de melodias fantasmagóricas de “Love Song N° 7”? Esse álbum é muito foda, e provavelmente vai continuar subindo na lista. E a reação ruim e injusta dos nerds de música foi a maior catástrofe de 2007 (incluindo a Fúria de Cho e as explosões diárias de Bagdá). Se a banda voltar pro estúdio e fazer outro disco medíocre com algumas canções ótimas (como foi o primeiro), vou ser eu quem vai pegar uma pistola e sair fuzilando garotos indies no próximo festival de música da Pitchfork. Muito obrigado.”

09. And Their Refinement of the Decline, Stars of the Lid
Eu estou ficando cansado de escrever. E não, eu não vou dar uma descansada e depois voltar. Isso é ambient bem dramático com forte influência clássica. É muito bom. Eu não me surpreenderia se ele também subisse algumas posições. Ele vai ser útil pra me acompanhar quando eu for escrever o meu próximo roteiro (depois que eu terminar o atual), que vai ser reflexivo, tenso e dramático. Eu estou ficando cansado de escrever.

10. Jonny Greenwood Is The Controller
Jonny Greenwood é o Controlador. O que mais você precisa saber? Ok: é uma compilação de reagge que funciona como provavelmente a melhor introdução para esse gênero complicado de se apreciar. Eu entrei (no lugar metafórico onde este disco estava soando) como um cético e saí um crente.

7 - Os Bons

11. Asa Breed, Matthew Dear
A partir de agora, só comentários curtos. Entendido? “Deserter” é uma das músicas mais viciantes do ano, e as composições são peculiares e estranhamente exuberantes o suficiente pra manter o interesse, mas a maioria das faixas ainda não me pega pelo pescoço e grita “eu sou foda!” como o single previamente citado, “Pom Pom” e “Don and Sherri” fazem. Ainda ouvi pouco. Veremos; o futuro parece promissor.

12. Volta, Bjork

Um álbum tribal e selvagem da Bjork soava perfeito na teoria. Eu já começava a sonhar com composições Fela Kutianas. Na prática, não tão perfeito: a seqüência de “I See Who You Are”, “Vertebrae by Vertebrae” e “Pneumonia” – três faixas que não me agradam muito - bem no meio destrói completamente a excitação inicial, e “Wanderlust”, por mais aprazível que seja, soa derivativa de qualquer outra balada épica da Bjork. A sorte é que todas as músicas que eu ainda não citei são ótimas.

13. Miss Diamond to You, Kathy Diamond
Disco (o gênero). Bem feminino e peculiar e nebuloso.

14. Favourite Worst Nightmare, Arctic Monkeys
Diga o que quiser dos Macacos do Ártico, eles sabem abrir e fechar um álbum. E eu não estou me referindo só a esse segundo esforço competente. Veja só, em ordem cronológica: “The View from the Afternoon”, “A Certain Romance”, “Brainstorm”, “505”.

15. The Reminder, Feist
O Lembrete: que eu ainda acho a voz da Feist divina. O Lembrete: que a Feist ainda é sexy. O Lembrete: que a Feist ainda sabe compor. O Lembrete: que ela precisa se esforçar um pouco mais da próxima vez.

16. This Bliss, Pantha du Prince
Como artistas que sabem escolher nomes tão bem podem parar na décima-sexta posição? Pra você ver o quanto o mundo é imprevisível. As duas primeiras faixas, “Asha” e “Saturn Strobe”, são fantásticas. O problema é que eu não consigo me lembrar de praticamente nada do resto. Mas continuarei ouvindo. E esse álbum merece ser investigado simplesmente por essas duas canções iniciais (que estão facilmente entre as melhores do ano).

17. We Are The Night, The Chemical Brothers
Eu comecei adorando. Agora eu nem sei se um 7 é apropriado. Ele, no entanto, tem vários momentos fortes; eu não posso negar o poder de “Saturate”, da faixa-título, daquela com o título alemão que eu não lembro agora, etc.

18. Person Pitch, Panda Bear
E o prêmio de Disco Mais Superestimado do Ano vai para... Não, isso não seria justo. Por que? Porque eu consigo compreender exatamente porque alguém amaria Person Pitch. Ele é como uma versão mais complexa do Grouper, cheio de loops banhados em reverb criando um ambiente cativante. Só não sei explicar porque ele não me excita tanto quanto o outro. Mas pretendo ouvi-lo mais vezes pra confirmar que eu não estou maluco (e.g. ano passado eu passei boa parte do tempo achando o disco do TV on the Radio superestimado... até alguma coisa clicar na minha cabeça e eu colocar ele no meu top 10 do ano... Ainda não vi graça no do Liars).

19. Hissing Fauna, Are You the Destroyer?, Of Montreal
Sintetizador Histérico, Você é o Destruidor? De qualquer forma: “We Are Born the Mutants Again” é uma das melhores músicas do ano.

20. Bambusbeats, Gabriel Ananda
É bem bom, e deve subir, mas nada aqui balança o meu cérebro como “Dopplewhipper”, um lançamento anterior do Ananda.

6 - Os Decentes

21. Friend Opportunity, Deerhoof
Faltou um pouquinho de consistência, né?

22. Timbaland Presents Shock Value
O único "choque" foi a quantidade de material medíocre presente. Timbaland, por favor, fique bem longe de rock. Valeu? Mas um terço do disco tem bastante valor.

23. Mirrored, Battles

Outro caso (depois dos já citados Bjork, Panda Bear, etc) de teoria > prática. Embora “Atlas” seja um monstro faminto e cruel, com dentes do tamanho de abóboras.

24. We Were Dead Before the Ship Even Sank, Modest Mouse
A produção é irritante. Tudo é GRITADO! BEM! NA SUA! CARA! Especialmente as guitarras. Mas eles ainda sabem compor música, com destaque para “Fire It Up”.

5 - O Mediano

25. Pocket Symphony, Air
O título explica. Soa bonito, mas é descartável.

4 - O Fraco

26. A Weekend in the City, Bloc Party
Eu não consegui ouvir esse inteiro mais de duas vezes. Só a faixa de abertura vale ser reouvida.

***

Depois desse último comentário fabuloso, alguém tá afim de me contratar pra escrever mais? Eu cobro uma fatia de pizza por parágrafo.

Discos que já lançaram/vazaram que eu ainda pretendo ouvir/estou ouvindo:

*Dan Deacon
*Andrew Bird
*Handsome Furs
*Patrick Wolf
*Elvium
*Low
*Menomena
*Clientele
*Elliot Smith
*Fennesz/Sakamoto
*Radical Face
*Studio
*Efdemin
*James Blackshaw
*Charlemagne Palestine


(Sim, a idéia de ter que encarar tudo isso também me machuca)

Nota: notem que há uma quantidade enorme de discos que eu gostei e uma quantidade minúscula de discos que eu não gostei. O motivo disso não é que eu dou nota boa pra qualquer merda, ou que tenho um gosto super inclusivo e tonto. É simplesmente uma questão de tentar evitar ao máximo discos que não são aclamados de alguma forma ou outra, ou que eu não ache que vá gostar.

Espero manter essa proporção até o final do ano.