There Will Be Blog

You got some nerve coming here

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Local: Goiânia, Goiás, Brazil

sexta-feira, julho 28, 2006

Orkut! Dando na rua! CLIQUE AQUI!

Eu não gosto do Orkut, e no entanto, já passei tempo o suficiente no lugar pra perceber informações curiosas. Começou com amigos me passando links diariamente de perfis de pessoas/comunidades estúpidas/ridículas, o que era engraçado (mas também meio deprimente). Depois eu decidi tomar coragem e fazer minhas próprias explorações por esse labirinto desesperador. Eu cheguei a conclusão que:

*É constrangedor o quanto os brasileiros estão na frente de qualquer outra nacionalidade em números. Eu chutaria que pelo menos 70% do Orkut é dominado pelo Brasil. O que isso diz de nós para o resto do mundo? Nós somos mais vagabundos? (provavelmente). Somos mais narcisistas e vaidosos? (provavelmente). Já não basta nossa soberania, nós nos damos o trabalho de invadir e estragar todas as comunidades internacionais. “PLEASE, for the sake of the WHOLE WORLD, try to post in ENGLISH, PLEASE”. Aí chega um gênio e responde: “Aprende português então seu filho da puta do caralho. Gringo disgraçado.”

*Eu acredito que o filme mais citado nos perfis de pessoas no Orkut seja ou O Efeito Borboleta ou O Senhor dos Anéis. Eu meio que consigo entender o segundo, porque é bom e popular. Já O Efeito Borboleta é um mistério. Esse filme é muito ruim, gente. É uma catástrofe. Como diz o ditado, é mais feio que batida de carroça. Cheio de sensacionalismo barato com pretensões de risco/profundidade. É como se o Ratinho fizesse uma refilmagem de “De Volta Para o Futuro” depois de passar 6 meses vendo MTV.

Por que esse filme está encontrando fãs no Brasil? Por que as pessoas não assistem Donnie Darko, que também envolve viagens no tempo, um protagonista bonitão, adolescentes, e com a vantagem de ser 73 milhões de vezes melhor? E eu não estou exagerando sobre a popularidade. Vou entrar na comunidade “EU AMO BEBÊS”, fechar os olhos e clicar em algum membro. Pronto. Sinto muito, Mayra. Nada pessoal.

*A proposta do Orkut não é conectar as pessoas? Então por que eles não têm uma função de busca interessante que indique pessoas de gostos parecidos? É simples: só mostrar as pessoas com quem você tem o maior número de “Comunidades Compartilhadas”. Pensem nisso por um momento. Eu com certeza gostaria de conhecer pessoas que também tem amor pelo seriado Grey’s Anatomy, pela banda The National, pelo filme obscuro tailandês Mal dos Trópicos, pelo ator/psicótico alemão Klaus Kinski, e que acreditam que "Google é Deus". Estou quase convencido que tal combinação não existe, mas o Orkut devia servir justamente pra me provar o contrário.

*A quantidade de spam pornografico brasileiro que aparece no Orkut é alarmante. É só encontrar uma comunidade pouco ativa e com poucos membros, e você vai conseguir uma seleção inteira que encaixe perfeitamente com os seus fetiches: loiras, morenas, negras, acima de 40, acima de 80, abaixo de 15, penis gigantes, vibradores, pênis que vibram, flagras no beco, zoofilia, etc. Visite a comunidade do The Fall agora e você vai encontrar um anúncio para "Garotas de Programa Gaúchas". Mas é claro. A lógica do anunciante é a seguinte: um fã da banda se junta à uma comunidade internacional de The Fall para discutir sobre os melhores discos lançados por eles, e percebe que o que ele realmente queria era um site que lhe informasse sobre as melhores prostitutas disponíveis no Rio Grande do Sul. Vá à comunidade de Kraut Rock e você vai encontrar um tópico lhe informando sobre o "Clube dos Gays". Um pouco abaixo está o tópico "INCRÍVEL! Putinhas dando na rua!". Faz sentido. Coloque o seu CD favorito do Can ou do Kraftwerk e abra o zíper. Por que todo anunciante pornô sabe que, no fundo no fundo, nós não queremos discutir sobre música. Nós só queremos nos masturbar 24 horas por dia. Esse talvez seja a observação mais profunda que o Orkut tenha a fazer sobre a condição humana.

*Agora, se você digita “Sexo” na busca de comunidades, você vai abrir uma parede que nunca mais vai se fechar (me perdoem o trocadilho). “Sexo Entre Amigos do Orkut”, “Sexo Seguro é Pela Webcam!”, “Eu Faço Sexo Gostoso”, entre centenas de outros. São as comunidades em que os seus membros preferem utilizar fotos de seus genitais como identificação. Os assuntos variam entre rapazes pedindo desesperadamente para que alguma gatinha de plantão adicione seu MSN (é claro, mulheres ocupam o seu tempo fazendo justamente isso) em tópicos com títulos como “Real, hoje! Agora!” ou “Já estou gozando!” ou “Acabei de tomar um banho, alguma gata afim?”, ou mais spam para sites adultos. Seria engraçado se em meio a tudo isso eu me deparasse com um anúncio para “Krautrock! Progressivo alemão! Agora!” ou “Conheça os Filmes de Michelangelo Antonioni!”.

Destaque, no entanto, para a comunidade “No Sex... Até casar! - A Visão Bíblica de Santidade e de Abstinência Sexual Até Casar!”. 13 mil membros. É um oásis de puritanismo num mar de perversão. E possuem um belo lema também: “Sem bitolação... Somente seguindo a Palavra e a vontade de Deus”. Eloqüente. “Certamente um lugar desses será puro e seguro para toda a família”, eu pensei, até ver um dos tópicos no topo: “JOELMA DA BANDA CALYPSO PEGA FAZENDO SEXO ORAL”.

***

Anyway, já que mencionei Krautrock, aqui vai o Tago Mago (1971), do Can, pra baixar. Um dos maiores clássicos do gênero. Não é o melhor disco pra introduzir a banda (esse seria o Monster Movie), mas acaba se revelando uma obra-prima se você se esforçar. E aqui está um vídeo de "Paperhouse", a primeira música do album, pra reforçar a idéia:



E caso você esteja no humor pra jazz latino obscuro/psicodélico, aqui está o Cortijo & His Time Machine (1974) para baixar., É extremamente foda, como se você estivesse numa festa em Cuba, num dia ensolarado, e as garçonetes são bronzeadas e nuas e carecas, e todo mundo está fantasiado de personagens de Harry Potter e dançando alucinadamente, e aí tem uns cachorros coloridos correndo em volta das suas pernas e o seu drink é feito de tinta e tem um anão flutuando em cima do telhado do bar. Sim, é bom desse jeito.

quarta-feira, julho 19, 2006

TV. Rádio. Biscoitos. Missões. Burma

Return to Cookie Mountain, TV on the Radio (2006) - 6

O álbum de 2006 com a maior hype? Pitchfork deu 9.1? Stylus deu A-? “Uma das melhores bandas de hoje em dia”? Perdão? Não. É definitivamente interessante, e depois de ouvi-lo umas 5 ou 6 vezes, ainda não estou certo do que achar dele, mas duvido muito que minha apreciação vai subir a níveis tão histéricos.

O maior problema do álbum de art-rock desses rapazes (4 deles são negros; não, você não precisava saber disso, mas todo mundo que falou do álbum teve a mesma misteriosa vontade de mencionar o fato) é que os vocais danificam a maioria das músicas, tanto pela sua presença quanto pela falta de presença. Eles têm a mania de deixar as linhas de vocal com multitrack, ou então fazer harmonias entre os dois vocalistas principais (um deles soa medíocre, o outro soa como se alguém tivesse cortado os (já pequenos) testículos do Prince), e o som das vozes fica embaçado e irritante. Dizem que o David Bowie faz uma participação especial na canção “Province”; eu não saberia dizer. O Tiririca podia ter cantado ali que os vocais iam continuar confusos e indecifráveis. Em “Wolf Like Me”, o single, o estrago é mais evidente, pois essa é uma das poucas faixas que contém evidência de energia própria, e teria funcionado muito bem sem a gritaria.

Eu digo “energia própria” porque quem está o elogiando fica mencionando como o álbum inteiro tem algum tipo de Atmosfera especial, que substitui a falta (fatal, eu diria) de ganchos. Infelizmente, tudo o que eu posso ver são guitarras e sintetizadores formando um buzz granulado não-muito-discreto no fundo, mas que não gera nenhuma profundidade em si. A produção também participa, tirando vida e verve de cada instrumento (e a drum machine usada aqui e ali não ajudada), com a pretensão de adicionar a essa “atmosfera peculiar”. Em alguns momentos, o disco me lembrou de trabalhos do Animal Collective -- como as batidas tribais de “Let the Devil In”, e os vocais simulando uivos e cantorias primitivas em “A Method” – só que mais mecânico e sem a mesma eletricidade.

Mas não é uma perda total. O fato do álbum ter me seduzido a ouvi-lo mais e mais vezes (e eu provavelmente vou continuar investigando) já mostra que as ambições da banda valem pra alguma coisa. E algumas das canções são ótimas. “I Was a Lover” tem um sintetizador estranho que, como Pitchfork disse em sua crítica, parece um elefante chorando; é algo que o Richard D. James inventaria. “Tonight” é linda; tem facadas escassas numa guitarra cheia de reverb que finalmente proporciona uma ambientação com efeito notável, e o vocal consegue ser agradável o suficiente pra me embalar na música. O resto do álbum devia ter sido assim.

Anyway, eu uploadei ele pra um amigo então já vou deixando o link aqui pra quem se interessar em baixar. Essa é a versão final com os nomes das faixas e a ordem correta.



The Obliterati, Mission of Burma (2006) – 8

Representação literária do novo disco do Mission of Burma:

POOOOW! BAAANG! KAZAAAAAM! TATATA! KABOOOOM! BLERGH! AAAAAARGH! POOOW! GUITARRAS! KAZAAAAAM! SANGUE! NAS! ORELHAS! KABOOOOM! ETC! POOOW! ESTUPRO! BAAAANG! KAPOOOW!

Sim. O álbum soa extremamente bombástico e gigantesco, como se na hora da mixagem todos estivessem usando algodão nos ouvidos e ficassem repetindo “Não to ouvindo nada, pode aumentar.” Nesse caso, é uma coisa boa. É como se os velhinhos da banda (que começaram nos anos 80, na era post-punk) quisessem mostrar quem é realmente rock ‘n roll para as “criancinhas” dominando o mercado. “Eu nasci nos anos 60. Eu engoli suor do Iggy Pop na época que ele ainda não tinha rugas. Nós sofríamos ameaças nucleares da União Soviética. Nós éramos Punk de verdade, cara. Har har!”.

Como os companheiros de profissão que surgiram na mesma época, o Sonic Youth, Burma tem uma fascinação imensa por guitarras e distorção e por experimentar o quanto puderem com isso, sem perder a energia. Assim como Sonic Youth, eles são uma banda de momentos mais do que canções. Você vai geralmente encontrar trechos e riffs e movimentos fantásticos dentro de cada faixa ao lado de partes mundanas e medíocres, que funcionam como tapa-buracos. A boa notícia é que o ótimo derruba o mundano na maioria dos casos. Obliterati abre com a excelente “2wice”, em que as guitarras são tocadas com uma constância frenética, formando uma onda de noise melódico que lembra o shoegaze do My Bloody Valentine, se o Kevin Shields tivesse muito, muito puto com alguma coisa. E embora a banda possua dois (ou 3?) vocalistas que provavelmente não nasceram pra serem vocalistas – e isso lembra de outra banda com musicalidade excelente e vocais horríveis que lançou álbum esse ano: The Joggers – o Burma ainda se esforça pra encontrar ganchos vocais divertidos como o refrão de “Is This Where?” e a linha frenética de “Good, Not Great” (que abre com a frase “Feeling kinda punk”).

Mas o destaque do álbum é “Careening With Conviction”, que certamente é uma das melhores músicas dos últimos 6 meses. Abre com um baixo musculoso, e o resto da banda entra com o vocalista gritando “She said fuck it all/Who’s gonna hear me when I call?”; alguns momentos depois a guitarra é dedilhada com delicadeza, e em 1:18 entra o riff mais intenso e violento que eu ouvi esse ano, que dura até 1:39. Isso é seguido de um solo dissonante lembrando uma furadeira, que é seguido pelo que parece ser uma guitarra solando ao contrário. E depois tudo se repete. É tão potente e vigoroso que você esquece que todo mundo da banda já passou da meia idade e provavelmente já estão preocupados com a aposentadoria.

sábado, julho 08, 2006

Headsnatchers

e...



http://en.wikipedia.org/wiki/Mike_the_Headless_Chicken


"Bodysnatchers", uma das músicas novas do Radiohead, e uma galinha sem cabeça chamada Mike que viveu 2 anos. O que os dois tem em comum? Só deus sabe. A única relação que eu consigo enxergar é que a minha reação a ambos foi mais ou menos algo assim.

quarta-feira, julho 05, 2006

Há Muitas Coisas Que Eu Devia Fazer Com o Meu Tempo...

...e escrever um blog é uma das últimas da lista, junto com “assaltar um banco” e “fazer sexo com um idoso.”

O pior de tudo é que nós já sabemos que esse blog não vai durar mais do que alguns meses. Eu já tentei mexer com uma dessas coisas antes. Meus amigos também. Você perde o vapor pra continuar. E não importa muito, porque todo mundo que lê o seu blog já te conhece, e tudo o que você diz no seu blog, você pode basicamente dizer na cara deles, e de forma muito mais sucinta.

Resumindo: um blog é tudo o que você já diz pros seus amigos + todas as coisas que eles não querem/precisam ouvir.

Um blog é como 90% do rock progressivo.

(Se você entendeu essa referência, vá até o espelho, sorria e se aplauda. Você é especial.)

E isso torna o seu blog uma épica perda de tempo. De acordo com um amigo meu, eu devia fazer duas coisas o mais rápido possível.

“Tomar um docinho. Arrumar um emprego.”

Já o meu outro amigo (esse, homossexual) sugere que só a segunda coisa é necessária.

Mas não sei não. Como eu poderia ter tempo pra datilografar, ou carregar caixas de banana, ou vender calçados (ou a segunda opção, trabalhar) quando eu tenho todos esses posts importantes pra escrever no meu blog? É um paradoxo.

Isso tudo também é conhecido como Procrastinar. Há várias formas de procrastinar (embora eu devo notar que o blog seja sua forma mais potente e definitiva, e isso foi provado cientificamente por várias istituições científicas). Você pode fazer isso, por exemplo, assistindo os seriados da SONY que você não gosta; você pode ficar observando a sua lista de melhores álbuns do ano para ter certeza que a ordem dela está totalmente coerente com o seu nível de apreciação de cada álbum naquele exato momento, mesmo sabendo que o seu nível de apreciação vai mudar em menos de 5 minutos (é a Corrida Contra o Tempo); você pode passar 10 minutos procurando aquele artigo do The Onion onde eles zombam de pessoas que procrastinam, e acabar não encontrando tal artigo, e acabar lendo outros artigos que o sistema de busca achou que contém a palavra “procrastinar” (isso é um ritual semanas pra mim, é muito bom).

Enfim, é algo que todos já fizeram na vida, e é algo que o sistema capitalista geralmente se opõe. Mas a arte de procrastinar pode ser tão rica quanto a arte de agir/produzir. Como eu poderia saber como é a “Experiência Negra Classe Média-Alta Americana” sem aquelas reprises de The Cosby Show que eu assisti quando era jovem e impressionável? Como eu poderia saber que o David Fincher costumava a dirigir clipes da Madonna antes de Seven? Como eu poderia saber que o Hanson conseguiria fazer um cover de “Optimistic”? Como eu poderia saber que ficou bom? Como ficaria o meu quarto se eu não tivesse a vontade de arrumá-lo e organizá-lo pra evitar algum afazer ou trabalho?

Conseguem ver como isso pode enriquecer a compreensão geral do ser humano pra uma pessoa? Eu poderia escrever uma tese sobre essas merdas. Isso é importante, gente.

Deixa eu começar de novo: meu nome é Luis. Oi. Eu planejo escrever sobre coisas interessantes, e isso geralmente inclue filmes, música, livros, Aquecimento Global e Grey’s Anatomy. Eu tenho apenas 19 anos, embora isso ainda pareça muito pra mim.

Esse blog tem tudo pra dar certo.

Eu me preocupo com a imagem que esse blog vai passar de mim. Toda vez que eu leio um desses blogs "engraçadinhos" (principalmente os brasileiros), a minha imagem mental da personalidade/estilo do autor é de um cara magricelo, com óculos, que dá uma gargalhada sutil (“Há!”) a cada “observação perspicaz” que ele escreve; o tipo de pessoa que acha Clube da Luta um bom filme, mas está mais preocupado em discutir por que o Super-Homem é implausível, com aqueles “comentários sarcásticos” que ele acha maravilhoso. Ele usa um tênis branco da Nike, mas prefere chinelo em casa. Adora comer aquela feijoada, trabalha consertando computadores das 14:00 às 18:45, vê a novela das 7 (mas critica ela para os pais durante os comerciais), estuda matemática em alguma universidade federal, e ainda sabe usar um iôiô (e se gaba disso).

Peraí, isso tá específico demais.

Quem é essa pessoa?

Se você se encaixa nessa descrição, me mande um e-mail ou deixe um comentário, eu gostaria de entender porquê você assombra os meus pesadelos. Obrigado.

De qualquer forma, isso não sou eu.

Se você precisa me imaginar de algum jeito escrevendo esse blog, que seja algo assim.

Enfim, espero que você (e por "você", eu digo as 6 pessoas que vão ler esse blog) se divirta.

Pra finalizar, como presente, aqui está “Morning Mi’Lord” pra baixar. É uma música que o Radiohead compôs a alguns anos atrás e tem possibilidades de entrar no próximo álbum deles. E também é o nome do blog. Essa versão é acústica, só o Thom, mas é ótima.

You know you should,
but you don’t!

You got some nerve
coming here!


Etc.


PS: eu tenho esse apelido idiota de "Folco" e eu estou tentando me livrar dele. Portanto, pare de me chamar disso. Obrigado.