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quarta-feira, janeiro 24, 2007

O Grande Golpe: Woody, Barry, Johnny & June

EU ODEIO FIREFOX E EU ODEIO DEUS
EU ODEIO FIREFOX E EU ODEIO DEUS
EU ODEIO FIREFOX E EU ODEIO DEUS

Eu escrevi a porra do post inteiro e o Firefox travou e fechou e todo o texto desapareceu (mas o título, surpeendentemente, ficou!). Puta que pariu, viu.

Aqui vai uma versão breve, impaciente e inferior:

Toy Story 2 (John Lasseter, 1999)
(81)

(DVD; segunda vez)

*O mais impressionante dessa animação implacavelmente divertida é que nela é incorporada um dos dilemas filosóficos mais profundos que eu me lembro ter visto em um filme. Woody precisa escolher entre a efemeridade junto aos seus amigos/família ou a eternidade estéril – viver trancado em uma caixa de vidro, para ser apreciado de longe – e tal dilema é realmente conflitante, não só porque Lasseter consegue montar um argumento forte para a segunda opção, mas também porque outros brinquedos (a Jessie, o Prospector, e o cavalinho) dependem da decisão. O amor e momentos genuínos de felicidade compensam viver temendo ser rasgado e/ou abandonado (como acontece com Jessie, no maravilhoso flashback [excluindo a canção])? Ou será que o medo de Woody é tão aleijante que permanecer eternamente preservado e seguro parece uma opção melhor? Etc.

*Mas puta que pariu, esse Firefox, viu. Puta. Que. Pariu.

*A segunda linha da narrativa – envolvendo Buzz Lightyear & Cia. numa tentativa de resgatar Woody das mãos de “Newman Animado” – é hilária e extremamente engenhosa. Como o Theo disse em sua crítica, parece o trabalho de viciados em quebra-cabeças/charadas, criando situações e obstáculos malucos para eles terem que superar. E ainda há a já aclamada, semi-clássica cena onde Buzz encontra uma nova versão sua numa loja de brinquedos – e mais crucialmente, uma versão que ainda não superou sua auto-ilusão, como Buzz fez no filme original. A situação não é só comicamente explorada, mas psicologicamente também; quando o Buzz finalmente admite a vergonha e diz “Tell me I wasn’t this deluded”, você percebe que está vendo algo realmente especial.

*O final do primeiro é levemente melhor, mas que se foda (e que se foda o Firefox). Ambos são espetaculares – e vão continuar melhorando com o tempo, eu suspeito.


Barry Lyndon (Stanley Kubrick, 1975)
(71)

(DVD; segunda vez)

*O filme é impressionante, mas ele lhe mantém a uma certa distância; Kubrick raramente abre espaço para uma conexão realmente forte. Só nos 40 minutos finais (de 3 horas de duração) é que a obra realmente “engata a terceira” (me perdoem a metáfora), com o crescimento de Lorde Bullingdom, se tornando um homem arrogante, frustrado, beligerante e extremamente compulsório para a platéia (excelente trabalho de Leon Vitali). O grande duelo final só é a única cena realmente eletrizante do filme pois posiciona a nossa relutante empatia por Bullingdom contra a nossa relutante simpatia por Barry Lyndon, que foi acumulada durante o filme.

*Assim como em O Iluminado, o drama do filme de vez em quando desliza para sátira/comédia (provavelmente intencional). Não há como segurar a risada quando a “pobre mãe” de Barry, depois de se acostumar com a vida de nobreza, começa a armar esquemas contra a esposa rica dele para manterem sua parte do ouro. Infelizmente, o filme não vai nem para um lado nem para o outro com muita freqüência.

*Kubrick e o seu fotógrafo John Alcott utilizam lentes especiais para remover a profundidade dos planos, e o efeito é espetacular – como (sim) uma pintura do século 18. Sem falar nas cenas à luz de velas.


O Grande Golpe (Stanley Kubrick, 1956)
(72)

(DVD; segunda vez)

*Eu já não tinha muito pra falar na primeira vez que escrevi, e não estou com paciência pra repetir (a bosta do Firefox...). O filme é forte, frio e empolgante, e com um final maravilhosamente cínico (“Eh, what’s the difference?”). Sterling Hayden e Marie Windsor arrasam. Qualquer dúvida, perguntem na seção de comentários abaixo.

*Sim, eu estou revendo vários filmes.


Johnny & June (James Mangold, 2005)
(52)

(DVD)

*Comicamente similar à Ray, do ano anterior. Não, não, saca só: Johnny nasce numa fazenda no campo (como Ray), é traumatizado pela morte de seu irmão (como Ray), decide seguir uma carreira arriscada de músico (como, sim, o velho Ray), alcança tremendo sucesso (como quem? Sim, Ray), começa a usar drogas e ter problemas matrimoniais (“Hit the road, Jack”), o vício nas drogas o leva à cadeia e ao fundo do poço (“And don’t you come back no more”), mas ele dá a volta por cima (“No more, no more, no more”). A diferença crucial, é claro, é que a história de Cash é enquadrada pelo seu amor cada vez mais desesperado por June Carter. Isso diminui um pouco a sensação de que estamos assistindo uma reconstituição obscenamente bem produzida de algum documentário do A&E Mundo sobre Cash.

*Reese Witherspoon está incrível; ela sozinha justifica a existência deste filme. Joaquin Phoenix está compentente.

*O filme comete um erro grave (ou “pisada grave”, a gíria preferida atual de meus amigos) com a esposa de Cash. Não há sequer uma cena no filme onde ela é apresentada como alguém que não seja extremamente infeliz, irritante e beligerante. Onde está o drama se Cash se casou com a Pessoa Mais Enjoada do Universo dos Biofilmes? Corra, Johnny, corra.

*Mas a Reese Witherspoon está incrível (ao contrário do Firefox).


PS: Deja Vu e Filhos da Esperança estrearam nos cinemas de Goiânia, e provavelmente vou ver ambos hoje. Esperem comentários em breve (de filmes com os quais as pessoas ainda se importam[!]).

PPS: O Babal também é uma possibilidade, embora a minha expectativa esteja situada em algum lugar no Oceano Índico.