Sangue de Irma Vep: Diamante
Irma Vep (Olivier Assayas, 1996)
(76)
(AVI, no computador)
*O Assayas não perde uma oportunidade, aquele malandro. A sua protagonista (Maggie Cheung) é uma das mulheres mais atraentes e charmosas do mundo (que também, por acaso, era sua esposa na época), e suas duas coadjuvante principais (Nathalie Richard; Nathalie Boutefeu) são praticamente o equivalente. E embora isso possa parecer irrelevante, o fato delas serem atraentes realmente ajuda o filme. Porque não é sobre a progressão da trama, é sobre a vida de momento a momento. A história é sobre o remake atual de um antigo seriado francês do Feudaille chamado Les Vampires, cujo diretor (Jean-Pierre Leaud, apropriadamente semi-psicótico) decide chamar uma atriz chinesa desconhecida para o papel principal. As filmagens do remake são problemáticas e frustrantes, mas Assayas filma de um jeito que faz tudo parecer uma festa, particularmente uma da qual você não tem o menor interesse de sair.
*A subtrama envolvendo uma das beldades já mencionadas - sobre uma figurinista lésbica que acaba tendo uma queda enorme pela Maggie (e quem pode culpá-la?) - é tocante, simplesmente porque Nathalie Richard rouba o show com a melhor atuação do filme, e sua frustração com a aparente impossibilidade do relacionamento é filtrada pelo seu enorme carisma. A cena que ela tenta convencer a Maggie a entrar numa boate com ela é de partir o coração. Vocês tem que ver...
*O filme é cheio de pequenos momentos maravilhosos - como quando Nathalie Richard (lá vem ela de novo) coloca a máscara da protagonista de Les Vampires e solta fumaça de cigarro pelos buracos dos olhos - mas não faz sentido eu descrevê-los. Procurem assistir esse. Eu já imagino que vá subir a nota com mais algumas assistidas. E toca "Bonnie & Clyde" do Serge Gainsburg nele. Sério, não tem erro.
Diamante de Sangue (Edward Zwick, 2006)
(52)
(Cinema)
*Esse filme é cheio de problemas, mas suas cenas de ação são indiscutivelmente fortes. A mise-en-scene do Zwick é meio morta durante cenas de diálogo e progressão da trama, mas quando homens empolgados segurando metralhadoras e lança-mísseis surgem na tela, ao som de hip-hop num volume moderadamente baixo, ele de repente vira Spielberg Light e injeta adrenalina e energia nos eventos. A técnica é a mesma de sempre: camera na mão, montagem rápida e caótica, relances de carnagem e sangue, gritaria e correria, etc. Mas funciona. Particularmente uma disputa entre o grupo rebelde F.U.R. e o exército da ONU no meio de uma cidade (onde, por acaso, DiCaprio e Hounsou estão posicionados), e uma perseguição dos personagens principais num jipe de jornalistas pelo mesmo grupo rebelde, lá para o meio do segundo ato.
*Jennifer Connelly tem o papel desagradável da esteriotípica jornalista virtuosa, mas ela está muito mais solta e relaxada do que nos últimos papéis que eu a vi, e ela consegue fazer o personagem não parecer tão irritante quanto deveria ter sido. E não atrapalha que Connelly é tão bonita que ela quase pode ser classificada como uma aberração da natureza (ela parece estar melhorando com o tempo). Leo DiCaprio luta com um sotaque africano e a briga termina em um empate, mas ele está competentemente astuto e malicioso; Djimon Hounsou parece excessivo, mas eu não tenho certeza que isso é má direção ou simplesmente minha falta de costume com a forma que africanos se expressam. Eu suspeito o primeiro.
*Qual é o valor desse filme? É uma história seguindo uma fórmula batida que, embora ocasionalmente excitante, permanece convencional e previsível. E é parcialmente maniqueísta, com o F.U.R. previamente mencionado (Frente Unida Revolucionária) apresentado como vilões estúpidos cujo chefe tem uma agourenta cicatriz no olho e transforma crianças em máquinas de matar - não que tudo isso não possa ser verdade, mas seria de valor muito maior tentar apresentar argumentos para a existência desse grupo, porque eles querem existir (além de lavagens cerebrais) e se o papel deles é totalmente não-justificado. Mas o filme até que serve seu papel de conscientizar a população sobre os conflitos em Sierra Leone pelo tráfico de diamantes, e provavelmente vai convencer alguns Joãos e Marias a perguntarem se o anel de noivado que estão comprando é "livre de conflito" (aqui no Brasil, o atendente provavelmente vai achar que você tá falando de alguma alergia cutânea).
*Envolvente, mas didático. Ocasionalmente bobo, mas ocasionalmente excitante. Útil, mas superficial. Vale a pena? Você decide.
(76)
(AVI, no computador)
*O Assayas não perde uma oportunidade, aquele malandro. A sua protagonista (Maggie Cheung) é uma das mulheres mais atraentes e charmosas do mundo (que também, por acaso, era sua esposa na época), e suas duas coadjuvante principais (Nathalie Richard; Nathalie Boutefeu) são praticamente o equivalente. E embora isso possa parecer irrelevante, o fato delas serem atraentes realmente ajuda o filme. Porque não é sobre a progressão da trama, é sobre a vida de momento a momento. A história é sobre o remake atual de um antigo seriado francês do Feudaille chamado Les Vampires, cujo diretor (Jean-Pierre Leaud, apropriadamente semi-psicótico) decide chamar uma atriz chinesa desconhecida para o papel principal. As filmagens do remake são problemáticas e frustrantes, mas Assayas filma de um jeito que faz tudo parecer uma festa, particularmente uma da qual você não tem o menor interesse de sair.
*A subtrama envolvendo uma das beldades já mencionadas - sobre uma figurinista lésbica que acaba tendo uma queda enorme pela Maggie (e quem pode culpá-la?) - é tocante, simplesmente porque Nathalie Richard rouba o show com a melhor atuação do filme, e sua frustração com a aparente impossibilidade do relacionamento é filtrada pelo seu enorme carisma. A cena que ela tenta convencer a Maggie a entrar numa boate com ela é de partir o coração. Vocês tem que ver...
*O filme é cheio de pequenos momentos maravilhosos - como quando Nathalie Richard (lá vem ela de novo) coloca a máscara da protagonista de Les Vampires e solta fumaça de cigarro pelos buracos dos olhos - mas não faz sentido eu descrevê-los. Procurem assistir esse. Eu já imagino que vá subir a nota com mais algumas assistidas. E toca "Bonnie & Clyde" do Serge Gainsburg nele. Sério, não tem erro.
Diamante de Sangue (Edward Zwick, 2006)
(52)
(Cinema)
*Esse filme é cheio de problemas, mas suas cenas de ação são indiscutivelmente fortes. A mise-en-scene do Zwick é meio morta durante cenas de diálogo e progressão da trama, mas quando homens empolgados segurando metralhadoras e lança-mísseis surgem na tela, ao som de hip-hop num volume moderadamente baixo, ele de repente vira Spielberg Light e injeta adrenalina e energia nos eventos. A técnica é a mesma de sempre: camera na mão, montagem rápida e caótica, relances de carnagem e sangue, gritaria e correria, etc. Mas funciona. Particularmente uma disputa entre o grupo rebelde F.U.R. e o exército da ONU no meio de uma cidade (onde, por acaso, DiCaprio e Hounsou estão posicionados), e uma perseguição dos personagens principais num jipe de jornalistas pelo mesmo grupo rebelde, lá para o meio do segundo ato.
*Jennifer Connelly tem o papel desagradável da esteriotípica jornalista virtuosa, mas ela está muito mais solta e relaxada do que nos últimos papéis que eu a vi, e ela consegue fazer o personagem não parecer tão irritante quanto deveria ter sido. E não atrapalha que Connelly é tão bonita que ela quase pode ser classificada como uma aberração da natureza (ela parece estar melhorando com o tempo). Leo DiCaprio luta com um sotaque africano e a briga termina em um empate, mas ele está competentemente astuto e malicioso; Djimon Hounsou parece excessivo, mas eu não tenho certeza que isso é má direção ou simplesmente minha falta de costume com a forma que africanos se expressam. Eu suspeito o primeiro.
*Qual é o valor desse filme? É uma história seguindo uma fórmula batida que, embora ocasionalmente excitante, permanece convencional e previsível. E é parcialmente maniqueísta, com o F.U.R. previamente mencionado (Frente Unida Revolucionária) apresentado como vilões estúpidos cujo chefe tem uma agourenta cicatriz no olho e transforma crianças em máquinas de matar - não que tudo isso não possa ser verdade, mas seria de valor muito maior tentar apresentar argumentos para a existência desse grupo, porque eles querem existir (além de lavagens cerebrais) e se o papel deles é totalmente não-justificado. Mas o filme até que serve seu papel de conscientizar a população sobre os conflitos em Sierra Leone pelo tráfico de diamantes, e provavelmente vai convencer alguns Joãos e Marias a perguntarem se o anel de noivado que estão comprando é "livre de conflito" (aqui no Brasil, o atendente provavelmente vai achar que você tá falando de alguma alergia cutânea).
*Envolvente, mas didático. Ocasionalmente bobo, mas ocasionalmente excitante. Útil, mas superficial. Vale a pena? Você decide.
4 Comments:
Luis, você já assistiu 2046?
Estou numa peleja tentando baixar essa porra porque me disseram que era jóia, e tal.
Daí, se você já assistiu e puder compartilhar alguma coisa sobre o filme...
Eu assisti num festival em Brasília a mais de 1 ano atrás. Foi no final de um dia de 4 filmes, então eu tava super cansado e cochilei em umas 4 ou 5 partes, então eu não *vi* o filme, exatamente.
Mas dos 65% que eu vi, não estava gostando muito. Ainda mais em comparação ao anterior de Wong Kar-Wai, AMOR À FLOR DA PELE, que é uma obra-prima. Eu esperava algo na mesma veia, mas o Wong não conseguiu repetir o romantismo viçoso que era o "tchan" do primeiro.
E como 2046 é uma "sequência" de AAFDP, parte da graça é assistir o que aconteceu com seu protagonista e como os acontecimentos do anterior influenciam na continuação.
Se você viu AAFDP e gostou, acho que vale a pena ver 2046 sim. Se não viu, esqueça 2046 e procure ele imediatamente. Já tem pra locar e vender em DVD aqui no Brasil.
Ótimo, obrigado.
Tu podia fazer um post sobre o donnie darko também, que é foda³
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